Uma formiga perdida
Uma formiga saíra do meio da roupa do cesto.
Do cesto que saíra de casa no braço e na anca dela.
Dela que usava corpete apertado e saia de chita por fora das ancas.
Dela que saíra para lavar roupa numa Cantiga de Amigo de há muito tempo.
Do tempo em que não havia máquinas de lavar e secar a roupa e se ia para as fontes.
Do tempo em que os pinheiros entravam nos poemas e os poemas nas iluminuras.
Do tempo em que as bilhas de barro guardavam a água e a água guardava segredos.
E os segredos rimavam nas mãos dum jogral que esperava na fonte.
Não sei o que foi feito da formiga que saiu do cesto.
Nem do cesto, nem da rapariga, nem das fontes, nem das bilhas de barro, nem dos segredos, nem dos jograis, nem das Cantigas de Amigo.
10 Comments:
Perderam-se.
Beijinhos*
:)tantas palavras esquecidas aí:)
bejo vagabundo
Fazes boas cantigas amiga.
A formiga?
Então não foi aquela que cansada de ser formiga mudou-se para cigarra em frei de Espada á Cinta?
viva a cigarra.
Não fume.
Amigo:
Se ma encontrares lá, em Frei de Espada à Cinta, a formiga, devolve-ma, por favor.
Fazem-me falta as coisas que fugiram dos livros.
Viva a cigarra.
Não fumo.
bem...modéstia à parte as cantigas de amigo existem ;-)
A magia do que passou deu lugar a outras magias actuais. Nesse tempo não havia internet, por exemplo e sem ela como teria chegado às tuas palavras?
mudam-se os tempos, mudam-se as magias.
beijitos
A formiga, bem, eu tenho uma teoria sobre a formiga... Mas é muito longa. Eu conto outra hora.
Beijinho, bela história.
Foi o percurso que nos permitiu chegar aos dias de hoje!
Tenho um humilde convite para ti lá no meu humilde cantinho...
Beijinhos
Belo texto...e isso é o q se chama de evolução???
(pensando)
beijos
MFC:
Os dias de hoje são grotescos e carregam-se num MP3.
Falta-lhe algo que não o sei que é e que se perdeu não sei onde.
Tenho mesmo que gostar do progresso?
Gosto de estar perdida no ontem.
:)
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