Medo do escuro
Nos fins de tarde daqui o rapaz do triciclo cor-de-laranja pisa o mundo a três rodas e puxa dos bolsos raios de sol. Nunca se queima. É uma buzina infantil com riso de gente nas linhas contínuas da estrada. O Outubro mora-lhe a tiracolo e demora um dente de leite a ser Novembro. Aqui em cima, na janela do 6º frente, o mapa mundo só mede um jardim. E os continentes são mais do que cinco e estão cobertos de carrinhos de supermercado.
- "Ó Zé, sobe que é para jantar!"
Pedi-lhe boleia. Ao rapaz do triciclo cor-de-laranja que nunca se queima. Mas como não cheguei a abrir a boca, ele foi jantar.
Aqui a noite leva as crianças. E as ruas arrefecem em sentido contrário. Com medo do polícia que vive no isqueiro.
18 Comments:
Sem palavras. :) *
lindo :P
:D
tb eu tive um triciclo...lol
mas n era cor d laranja, era preto.
gostei do teu cantinho..
Posso entrar?
;*
ssalmeida.blogspot.com
Sasá:
Entra, entra!!
Deixa a porta aberta.. :)
Muito bom, mesmo... tens de facto um verdadeiro talento.. parabéns! =)
beijoca!
O meu era vermelho com as rodas azuis. E fazia-me sentir capaz de dominar qualquer veículo, até descobrir que nunca conseguiria equilibrar-me numa bicicleta. Tenho pena que não haja tricilos para adultos.
Beijinhos! :)
Tens magia nos sentires...
Beijinho
o mundo em sete voltas, no triciclo. pode ser. jantar, também. e dormir para sonhar outra vez com o mundo :)
Um encanto.
Beijinho
Eu tb tenho medo desta polícia.
Bjs
Entrei e fiz-me confortável... e agora não quero sair.
Escrita maravilhosa, palavras encantadoras e ideias deliciosas.
Parabéns pelo blog... tenho inveja da forma como escreves...
Saudalunações...
beauté... transferida para a incomunidade.
Gostei de a conhecer
Vou pedir-lhe boleia
Gostei
Lindo o que escreveu!
Bato palmas para você! ^^
Percebes bem a ductilidade das palavras, são para ti pedaços de argila na mão de uma artesã
Bj
Eu tive um triciclo que não era cor-de-laranja...mas que me deixa lembranças cor-de-rosa.
Era daqueles que antigamente se faziam...sem limar arestas para não magoar, eram de materiais pesados como o ferro e a madeira...e não de borracha...e nós apesar das quedas e dos joelhos esfarrapados, não nos magoávamos...divertiamo-nos, como agora não.
Tinha saudades da tua agilidade na escrita e da doçura da tua mensagem.
Um xi
Tudo de bom
Fiquei aqui, de cabeça entre os dedos, com os olhos perguindo o rasto do triciclo cor-de-laranja. E a imaginar essa noite, fria, sem vozes de criança.
É bom (re)visitar estas estórias-que-de criança-não-têm-nada.
Um beijo grande
Enviar um comentário
<< Home