25 outubro 2006

Dentro da caixa

Ao abrir...

Reparo sempre que ela própria não consegue dar à corda a sua própria manivela de bailarina de caixinha-de-música.
Reparo sempre que as mãos não chegam às costas, estão sempre na mesma posição: levantadas para o tecto, como as pontas dos pés e dos cabelos.
Reparo sempre que é um corpo esticado em "i" que roda com as notas musicais e faz rimas de coisas que ouve da boca de quem abre a caixa: sonho, senha, ranho, lenha, canto, acanto... - Que são folhas de acanto? Pensará ela, mas nunca me diz nada, só se olha ao espelho da tampa da caixinha que a engole no escuro sempre que ninguém lhe dá à corda.
Reparo sempre que é uma cariátide no vazio, sem nada que segurar para além da imensidão do nada quadrado duma caixa que a melodia do xilofone martela.
Reparo sempre que é um corpo rotativo de pés presos onde só a cabeça e o coração voam em sonhos.

Ao fechar...
Reparo sempre que me pareço a ela e por isso volto a abrir a caixa e faço-lhe companhia.

7 Comments:

At quarta-feira, outubro 25, 2006, Blogger OLHAR VAGABUNDO said...

lindo...
beijo vagabundo

 
At quarta-feira, outubro 25, 2006, Blogger Miss T said...

sempre uma forma tão especial de ver as coisas mais banais... gosto muito da forma como escreves. continua!

 
At quarta-feira, outubro 25, 2006, Blogger Bruna Pereira Ferreira said...

Quando a chuva parte os braços magoa-se em lágrimas - é o meu nick desta semana do Messenger, mas posso dedicá-lo ao teu poema. Eu também gosto da chuva. Lava por dentro e por fora... Melhor do que qualquer detergente. :)

 
At quarta-feira, outubro 25, 2006, Blogger Bruna Pereira Ferreira said...

(Bem... Como tenho muito que fazer agora e ainda não descobri onde se apagam os comentários - sim, sou um bocado otária, eu sei disso - informo que o comentário anterior era para outra pessoa, para outro blog, para um texto sobre chuva, mas troquei as caixas de "Post"...) :)

 
At quarta-feira, outubro 25, 2006, Anonymous Anónimo said...

Eu reparo sempre na música. E também reparo que ela nunca dança a mesma melodia. Vai dando voltas e voltas conforme a vontade dos nossos olhos.

:)

Gosto de te ler!

 
At quarta-feira, outubro 25, 2006, Blogger mfc said...

Mas ela está lá para nos desanuviar e não para que vejamos semelhanças negativas connosco.
Vaomos a olhar bem em frente e a sorrir.
Isso...vês como ficas bonita a sorrir?!

 
At quinta-feira, outubro 26, 2006, Blogger Joao Forte @ Blog said...

A caixa é a vida dela e tu tens o poder de abrir ou fechar...
Tal como a tua vida, és tu quem tens o poder de fazer o k queres dela...
Repara, que nem Deus tem esse poder de decidir por ti!

Bjocas

 

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