27 novembro 2007

M-A-T-U-T-I-N-O

A rapariga empapelada viaja manhã acima em Arial Bold. Debaixo do braço, encosta-se às 8h, espera pela bica
e fica
pousada em meio balcão.
Secção do INSÓLITO.
Boceja em adoçante dentro do prazo. Papel reciclado. Cotovelo em empurrão.
- Maldição da celulose!
Enquanto o dia se bebe, a rapariga segura em caixa alta o título que lhe deram em terceira coluna. Página ímpar. Canto inferior esquerdo. Não há consideração - erro em psicoze...
Foto com má resolução...
Como se não bastasse
quem o café lhe entornasse,
convidam-na à lixeira.
Jornal pingado não se lê.
- Dá para acender a lareira
ou assar castanhas, não é?

E por desdita do mundo, a rapariga morre de pé.
Com as palavras-cruzadas no fundo.

19 novembro 2007

Doce Novembro

Há qualquer coisa de cinzento que explode em pingas nos dias de chuva. E lava a cara das casas e das cidades e das pessoas apressadas em guarda-chuvas com medo do sono.
Há qualquer coisa de nuvem que não explode em mim de cansaço. Porque partir varetas no vento molha as pessoas por dentro. É uma quebra inverniça.

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Pling

06 novembro 2007

Princípio da inadequação

Derretidas em beijos, as pétalas de rosa moram enclausuradas num baton do cieiro.
São freiras da vaidade.
Em convento de plástico.
À espera que alguém as tire de um bolso de escuro medieval.